“Eles não sabem quando meu dinheiro vai cair, a resposta que me deram foi essa. 48 horas são 48 horas em qualquer lugar do mundo. Já tem mais de 12 dias úteis que fiz o resgate. Não tenho como pagar meus fornecedores porque meu dinheiro está preso”; esse é o depoimento de um empresário que está desde o dia 19/05 aguardando o valor de suas vendas serem transferidas do Banco Mumbuca para a sua conta corrente tradicional. E esse é um problema recorrente entre vários.
De acordo com esse empresário de Itaipuaçu, do ramo da gastronomia, o valor resgatado (termo usado no aplicativo E-Dinheiro) foi de R$ 3.960. Ele também pagou R$ 40 de taxa, referente a 1% da transação, cobrada pelo Banco Mumbuca para custear as operações de microcrédito oferecidos pela instituição. No app, logo abaixo do indicador da transferência no extrato, aparece a mensagem: “O valor líquido de R$ 3.960 será depositado na sua Conta Bancária em até 48h”. Mas o recurso nunca entrou.
Ao tentar contato com o Banco Mumbuca, o empresário não é atendido. “Fui uma vez na agência de Itaipuaçu em horário de expediente e estava fechada. Por telefone, consegui falar uma vez só, fui mal atendido e disseram que eu tinha que aguardar, não sabem quando meu dinheiro vai cair”, disse.
Outro comerciante, que atua no ramo de produtos para animais em São José do Imbassaí, sofre com o mesmo problema desde que passou a aceitar a moeda. “Quanto maior o valor do resgate, mais tempo demora para ser depositado na minha conta. Por isso, faço o procedimento toda semana, ou então fico muito tempo aguardando o dinheiro. Sei que um dia vou ter o valor, mas tento não contar com ele, por exemplo, pagar fornecedor”, disse.
Vale lembrar que, além da taxa de 1%, também é cobrado de quem faz a transferência o valor do Documento de Origem de Crédito (DOC). O procedimento é um dos tipos de transferências entre bancos previstas pelo Banco Central do Brasil e possui um limite máximo de R$ 4.999,99 por operação. Ressalte-se que, apesar de debitado da conta do emitente no mesmo momento, só é creditado na conta do destinatário no próximo dia útil após o envio. De acordo com o Banco Mumbuca, o valor do DOC só não é cobrado quando o banco de destino é a Caixa Econômica Federal, fruto de um convênio entre as instituições.
Beneficiários do Programa de Amparo ao Trabalhador (PAT), que também tem essa opção, também reclamam do mesmo problema: a demora para obter acesso aos recursos em suas contas bancárias. Uma moradora de São José, na primeira parcela do benefício, teve que aguardar uma semana para a transferência ser concretizada. “Fui uma das que recebi o benefício no primeiro lote, dia 17/04. Tive que aguardar dois dias úteis para cadastrar a minha conta e mais uma semana para a transferência ser creditada”, contou.
Procurada, a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Maricá informou que “as questões mencionadas estão no âmbito do Banco Mumbuca” e que “a instituição não é vinculada à Prefeitura”. Já o Banco Mumbuca, por meio do presidente Joaquim Melo, esclareceu que “nesse período de Pandemia o prazo para resgate é de até 10 dias úteis, devido ao grande aumento por este serviço”. Ele destacou, ainda, que uma série de erros costuma ser cometido no momento do resgate, atrasando o procedimento. Clique aqui e saiba como não cometer essas falhas.
Segundo a instituição bancária solidária, além do prazo já destacado, os bancos comerciais estariam mais lentos na pandemia, demorando a processar informações encaminhadas pelo Banco Mumbuca.
Por fim, quanto ao insucesso de empresários e beneficiários no contato com o Banco Mumbuca, Joaquim informou que as agências estão funcionando de segunda a sexta, das 8h às 16h (atendimento reduzido, mas aberto ao público) nas quatro agências – Centro, Cordeirinho, Inoã e Itaipuaçu. Já aos sábados, o atendimento acontece apenas na agência Centro entre 8h e 12h.
Contatos também podem ser feitos pelos telefones 3731-6550 / 3731-1021 / 99626-3882. O horário de atendimento é das 08h às 19h (segunda à sexta) e 8h às 16h (sábados). “Se possível, ligue entre 17h e 19h, pois as linhas ficam bem mais livres, com poucas chamadas”, finalizou o presidente do banco.
*Nota: Todos os personagens, temendo represálias (como descredenciamento de seus estabelecimentos e/ou serem eliminados do PAT), pediram para não ser identificados.