Iniciativas da rede municipal de assistência social têm ajudado moradores de abrigos a voltarem à sala de aula e reconstruírem seus projetos de vida
Em Maricá, histórias de superação vêm sendo escritas a partir de um gesto simples, mas transformador: o retorno aos estudos. Pessoas acolhidas em abrigos municipais têm encontrado na educação um caminho de reinserção social e de retomada da autoestima — um passo importante para quem busca reconstruir a própria trajetória.
O incentivo vem de equipes da rede de assistência social, que atuam na escuta e no acompanhamento dos acolhidos nos abrigos de Itaipuaçu e Mumbuca, além do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (CentroPop). A partir das demandas identificadas, profissionais têm articulado matrículas na rede pública de ensino e inserção em programas de qualificação profissional, como o Qualifica Maricá, do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM).

Entre os que decidiram recomeçar está Igor Santos Chagas, de 46 anos, que voltou a estudar o 6º ano do ensino fundamental depois de mais de três décadas fora da escola. “Minha mãe me tirou da escola quando descobriu que eu usava drogas, tentando me proteger. Hoje entendo que ela fez o que achava melhor. Agora quero recuperar o tempo perdido e seguir em frente”, conta ele, acolhido na Casa Abrigo Itaipuaçu.
Também acolhido, Aedson Sena Farias, 48 anos, natural de Recife, retomou os estudos na Escola Municipal João Monteiro, no mesmo bairro onde vive. Ele trabalha como mecânico durante o dia e cursa o 7º ano à noite. “Tinha vergonha por não ter terminado, mas fui muito bem acolhido. Voltar a estudar me fez acreditar em mim de novo”, diz.
Na Casa Abrigo Mumbuca, três outros acolhidos também voltaram às salas de aula. Jorge Luis de Almeida Ivoda, 58, cursa o 6º ano na modalidade Educação de Jovens e Adultos; Raphael Souza dos Santos, 48, se prepara para o exame de conclusão do ensino fundamental (ECEJA); e Romildo de Oliveira Justino, 55, está fazendo o curso de Assistente Administrativo pelo programa Qualifica.
No CentroPop, Wilham Daniel, 46, participa do programa de alfabetização “Sim, Eu Posso”, enquanto Alex Júnior (34), Cleyton Soares (38) e Aldomiro Teodoro (40) foram incluídos em diferentes etapas do ensino básico.
Mais do que uma política pública, o incentivo ao retorno escolar tem sido um ato de reconstrução. Cada matrícula representa a chance de recomeçar e de mostrar que é possível transformar a própria vida — com apoio, oportunidades e educação.










                                    











